sexta-feira, 15 de outubro de 2010

tin tàn ché




Confesso que de duas rodas só me lembro da chatice que era estar em Macau na altura do Grande Prémio, evento que anualmente queima litros de gasolina e desgraça a paciência de quem mora num raio de menos de 1km do circuito. É um bocado como o Novo Ano Chinês: da primeira vez acha-se graça mas na segunda já se quer estar longe!

Mas quanto a motas Macau tem mais alguma coisa: milhares e milhares de scooters (chinesas, claro) que invadem as ruas e arruamentos, da Travessa das Bruxas à Rua da Felicidade, e servem para tudo, desde carregar patos a veículo de vinganças mafiosas… isto antes de 1999, que agora Kilates só de ouro bem amarelo.

Sim, que Macau não é só árvre di pataca, como lembrava Adéno seu doci papiáçam di Macau (tive hoje a triste notícia da recentissima morte de Henrique Senna Fernandes e autor do romance Amor e Dedinhos de Pé)…

Bem, vamos ver, motoreta, lambreta, scooter, tin tàn che (em cantonense...), vespa…vespa…Macau…já sei, lembra-me Abelha da China, o primeiro jornal de estrutura Ocidental a ser publicado na China, sim a tal de Gaspar (esta foi um bocado forçada, mas até nem calhou mal!).

Claro que poderia falar nos Riquechós, embora aqui as rodas sejam 3 e motores ainda não existam, mas como agora apenas servem para turistas nostálgicos passearem as poucas patacas que escaparam à sofreguidão do casino, enquanto desfiam shes e tches "mandarinenses", também não será por aí que as lembranças abundem. Longe vão os tempos em que Camilo Pessanha voltava a casa depois de ter sonhado com a distante amada Ana de Castro Osório, reclinado no estofo do riquechó, bem cheio de substancias que ajudavam ao devaneio!

Que mais? Bicicletas? Isso é na Mãe China, não neste Ou Mun onde a política "um pais dois sistemas" aguentou e em muitos casos desenvolveu alguns dos aspectos positivos da presença portuguesa, como a boa rede de transportes.

Em resumo: embora tenha tocado aqui e ali no tema, as duas rodas para mim são passarinhos quadrupedes...


JC


Sem comentários:

Enviar um comentário